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Foto: Carlos Miguel em treino do Corinthians — Crédito: Rodrigo Coca |
Aos sete anos, quando vivia em Macaé, no Rio de Janeiro, ele teve os pais executados por bandidos que invadiram a casa da família. Ele e o irmão mais velho escaparam ao se esconderem no quarto, mas sempre conviveram com o medo de que um dia os assassinos poderiam voltar.
Segundo informações da família e de pessoas próximas ao goleiro, ninguém jamais foi preso, e o crime nunca foi solucionado. Mas especula-se que a execução da família (inclusive das crianças) tenha sido encomendada por desafetos. Algo que sempre gerou insegurança em Carlos Miguel e no irmão.
O episódio provocou traumas e dificuldades de relacionamento para Carlos Miguel ao longo de toda a juventude e exigiu, nos últimos anos, um acompanhamento com um psicólogo. Na infância traumática, o que dava a Carlos Miguel a motivação para mudar sua história era o futebol. Desde sempre uma criança grande, adotou a função de goleiro logo cedo para tentar repetir os passos do pai, José Cláudio Zaquieu Pereira, que foi goleiro do Botafogo nos anos 70.
Com a ausência dos pais, os garotos foram criados pelas tias Ana Cláudia e Ana Maria e pela avó Maria Aparecida, em Cardoso Moreira, a 330 quilômetros do Rio de Janeiro. “Apesar da tragédia, ele desde muito novo sempre foi um menino forte, amoroso, de bom coração e determinado seus objetivos, que sempre foi jogar bola mesmo com muitas dificuldades que encontrou para continuar a jogar após a morte dos pais”, disse a tia Ana Maria Zaquieu, que ficou com a guarda das crianças na ocasião.
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O irmão José Cláudio, dois anos mais velho, também tentou a carreira de goleiro, passando pela base de Vasco e Fluminense, mas desistiu do futebol.
Carlos Miguel deu o primeiro salto na carreira com a ajuda do ex-jogador Junior, ídolo do Flamengo e hoje comentarista. Identificado como bom valor, foi levado para a base da Gávea, onde ficou por um ano com uma geração que tinha nomes como Vinícius Júnior, hoje no Real Madrid.
Do Flamengo, Carlos Miguel foi levado para o Internacional em 2016. Chegou ainda muito cru, com deficiências nítidas, mas chamou a atenção pelo tamanho e foi adotado pela comissão técnica, que via nele chance de evolução.
Em 2018, teve muito destaque na Copa São Paulo de Futebol Júnior – o Inter caiu na semifinal. Subiu ao profissional, jogou nos aspirantes e, em 2020, foi emprestado ao Santa Cruz, sem conseguir estrear. Para 2021, foi cedido ao Boa Esporte para disputar o Campeonato Mineiro, mas a equipe foi rebaixada para o Módulo II do Mineiro.
Quem conhece Carlos Miguel acredita que as dificuldades que ele teve no Santa Cruz e mesmo no Inter aconteceram por problemas de ambiente, já que sempre foi um jovem muito fechado. Com ajuda de terapia, mudou de postura no Boa Esporte e chega ao Timão mais aberto às relações.
Carlos Miguel está mais do que preparado, para assumir a responsabilidade que é estar a frente da meta alvinegra. Com uma história de vida, repleta de superações, nada irá abalar a mente do mais novo Titan da Fiel. *Fonte: Meu Timão.