Delatores afirmam ter feito pagamentos ilícitos para o governador do Rio

O nome do governador Luiz Fernando Pezão aparece na lista do relator da Lava-Jato, ministro Edson Fachin. Dois ex-executivos da construtora Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Leandro Andrade Azevedo, disseram em suas delações, que o governador recebeu pagamentos ilícitos que foram feitos pessoalmente ou por meio de contas bancárias no exterior. Os executivos disseram ainda as transações foram registradas no sistema Drousys, uma plataforma da Odebrecht ao estilo intranet, na qual os funcionários tinham acesso, e por onde eram feitas as comunicações sobre os processos de repasse de propinas.

A assessoria do governador informou que “o  governador Luiz Fernando Pezão classifica como mentirosa a acusação e nega com veemência que tenha recebido recursos ilícitos pessoalmente ou  por meio de contas bancárias. Ele ressalta ainda que não tem e nunca teve conta no exterior”.

A petição do ministro Fachin foi encaminhada ao STJ (Supremo Tribunal de Justiça), onde será decidido se haverá abertura de inquérito. Outro processo que apontava o possível envolvimento do governador em esquemas de corrupção já foi arquivado pelo STJ neste ano.

Pezão foi citado recentemente no depoimento de Jonas Lopes, conselheiro do TCE-RJ preso preventivamente pela Polícia Federal, que afirmou que o governador teria se beneficiado em aproximadamente R$900 mil no esquema de corrupção denunciado pela operação Quinto do Ouro. Além disso, Jonas Lopes afirmou que Pezão teria feito uma reunião em sua casa para fazer um acerto de contas com os conselheiros do tribunal. O governador também foi citado em um ofício entregue ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio, em fevereiro. No documento, ele é apontado como suspeito de receber R$140 mil provenientes do esquema de propina descoberto pela operação Calicute.

Pezão tem pedido de cassação por abuso de poder econômico e improbidade administrativa

O TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro) determinou a cassação do mandato do governador, que é acusado de ter cometido abuso de poder econômico e político durante o processo eleitoral de 2014. De acordo com o processo do TRE, Pezão e Francisco Dornelles, seu vice, concediam isenções fiscais à empresas em troca de financiamento para a campanha eleitoral, em que sua chapa era candidata ao executivo fluminense. A decisão do tribunal só pode ser aplicada após não restar mais chances de recurso, declarou em nota o TRE. De acordo com a assessoria do governador, à época, Pezão e Dornelles irão entrar com um recurso no Tribunal Superior Eleitoral.

— Restou comprovado que contratos administrativos milionários foram celebrados em troca de doação de campanha — afirmou um dos membros da Corte, desembargador eleitoral Marco Couto, em seu voto.

Na Alerj, uma CPI (Comissão Parlamentar de Investigação) foi instaurada para investigar as isenções fiscais concedidas pelo Estado desde o ano de 2008. De acordo com o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), presidente da comissão,  cerca de R$185 bilhões deixaram de ser entregues aos cofres públicos com essa política de isenções e concessão de benefícios para empresas.

Também na assembleia fluminense foi assinado um pedido de impeachment da gestão Pezão-Dornelles, em que é alegado crimes de improbidade administrativa, como o não cumprimento da lei orçamentária e a contração de empréstimos a juros flutuantes. O documento que traz o pedido de afastamento do governador traz ainda dados sobre o descumprimento do repasse obrigatório ao Fundo de Estado Especial de Saúde. De acordo com o ofício, o percentual mínimo de encaminhamento para o fundo seria de 12% das receitas do Estado, ao que teria sido aplicado no fundo apenas 10,5% no ano de 2016.

Para o professor de economia da Uerj Bruno Leonardo, o afastamento do governador é algo possível de acontecer. Mas ele alerta para a necessidade de se alterar o “diagnóstico” da crise enfrentada pelo Estado. Ele diz que deve se ter cuidado com a crença de ela ter sido causada apenas pelos esquemas de corrupção. Ele sugere que se reveja a dívida ativa das empresas com o Estado, reavalie a lei Kandir, aprofunde a discussão sobre as isenções, assim como, que se estude a estrutura produtiva do estado, que, segundo ele, seria pouco diversificada e muito dependente da Federação.

Ele diz ainda, que a política de negociação com a União deve mudar, já que o endividamento do Rio aconteceu em decorrência também de compromissos federais, como o sediamento dos grandes eventos. O professor afirmou que o ideal seria que o governo federal perdoasse as dívidas do Rio e não somente o adiasse. Ele explica que no futuro a dívida estará maior, devido à contração do empréstimo pelo Estado, o que poderá desencadear uma crise ainda mais profunda daqui três anos.

— Os políticos fluminenses devem cobrar a União e não adotar uma postura subserviente como vem ocorrendo. O governador do Rio tem aceitado se sacrificar para salvar o governo federal, parece. Ele é humilhado semanalmente em Brasília, na esperança da aprovação de um pacote de recuperação fiscal que não resolverá o problema do Rio — afirmou o professor.

Da Redação com Agências

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