A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj)
aprovou, na tarde de terça-feira(07), um projeto de lei que proíbe os trotes nas
universidades públicas e privadas. O texto ainda será votado pela Casa em
segunda discussão. Segundo a norma, "aplicar trotes é uma valorosa
contribuição para o aumento da violência". Criadora da medida, a deputada
Lucinha (PSDB) reforçou que o tradicional rito de introdução dos alunos aos
cursos de graduação deve ser proibido "sem restrições".
"Em alguns casos, antes de iniciar as aulas, esses
estudantes já passam por constrangimentos provocados por trotes que os deixam
traumatizados. Se uma brecha é permitida, ela rapidamente vira abuso, por isso
essa norma vem para acabar de vez com essa prática”, explicou a parlamentar.
No entanto, o projeto dividiu a opinião dos alunos.
Estudante de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio
(PUC-Rio), Olivia Nielebock, de 23 anos, afirmou que o trote representa mais do
que um "ritual de entrada" e que é também o primeiro contato que os
novos alunos têm com as outras pessoas do curso deles.
"Isso é precioso demais. O trote é o início das
amizades entre calouro e calouro, calouro e veterano. É uma importante porta de
entrada para um pensamento mais crítico. Acho que tem que haver fiscalização
rígida por parte dos alunos ou da instituição e ter um bom senso da comissão do
trote para perceber se a brincadeira é machista, racista ou homifóbica",
explicou a estudante.
Aluno do curso de Sistemas da Informação da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Filipe Dornelas, de 23 anos, lembrou
ainda da importância dos trotes solidários, onde os jovens arrecadam roupas e
brinquedos para doar em orfanatos e instituições de caridade. "A proibição
do trote pode ser um impedimento da realização de um trabalho útil
socialmente", acrescentou.
Já o estudante de Agronomia da Rural Lucas Manetti, de 22
anos, disse que alguns trotes podem deixar os alunos constrangidos. Segundo
Lucas, na universidade onde estuda, as ações realizadas nos alojamentos do
campus fazem os jovens passarem vergonha. "Quando entrei, tive que aceitar
todos os trotes para conseguir ter um lugar para morar. As 'brincadeiras' vão
desde raspar a cabeça e a sobrancelha até ser acordado com água na cara",
explicou.
Assim como Lucas, a estudante de Publicidade da PUC-Rio
Marcela Micelli, de 24 anos, destacou ainda que essas ações "inflam o ego
do veterano". "Sempre tive uma visão bem ruim dos trotes e nunca quis
participar. A pessoa acaba topando umas coisas bem chatas. Faltei duas vezes e
não me arrependo", disse.
Ascom/O Dia
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