Relatório da PM mostra que apenas 15 cidades do Rio não têm domínio consolidado de facção criminosa; saiba quais são

 

Relatório da PM mostra que apenas 15 cidades do Rio não têm domínio consolidado de facção criminosa; saiba quais são

Um relatório de inteligência da Polícia Militar revela um cenário alarmante da criminalidade no estado do Rio de Janeiro. O documento, classificado como reservado, mostra que o Comando Vermelho (CV) mantém presença estruturada em 70 dos 92 municípios fluminenses — uma abrangência inédita em quatro décadas de atuação. Segundo o levantamento, reportado pelo jornal O Globo, apenas 15 cidades seguem sem domínio consolidado de qualquer grupo criminoso.

O estudo mapeia 1.648 áreas sob controle armado no estado. Desse total, 1.036 (62,8%) estão nas mãos do CV; 340 (20,6%) sob o Terceiro Comando Puro (TCP); 229 (13,9%) com milícias; e 43 (2,6%) dominadas pela facção Amigos dos Amigos (ADA). A PM ressalta que os dados são dinâmicos e só são atualizados quando há consolidação territorial. Regiões como a Carobinha, em Campo Grande, recém-ocupada pelo CV, ainda não aparecem na contagem oficial.

Territórios ocupados e nova economia do crime

Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, o processo de interiorização das facções começou após o enfraquecimento das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

De acordo com Curi, o tráfico representa hoje apenas entre 10% e 15% do faturamento da facção, que passou a explorar atividades econômicas típicas das milícias, como gás, luz, água, internet, transporte alternativo e extorsão de moradores.

O secretário acrescenta que a facção concentrou investimentos recentes na Grande Jacarepaguá, atraída pelo potencial econômico da região. “Com essa mudança de tática, voltada ao domínio territorial e econômico, é natural que o poderio financeiro da facção tenha crescido de forma expressiva.”

Consolidação de áreas e desvalorização imobiliária

O avanço do CV ficou evidente em 2024. Além de consolidar o controle sobre o Morro dos Macacos, em Vila Isabel, a facção tomou áreas antes dominadas pelo TCP, como Campinho, Fubá (Cascadura), Morro do Divino (Praça Seca) e Gogó da Ema (Belford Roxo). Em municípios do interior, também ampliou influência em comunidades de Resende e Búzios.

Na Zona Sudoeste, regiões antes controladas por milicianos — como Gardênia Azul, Cesar Maia, Coroado, Fontela e Jardim Bangu — passaram a ser disputadas ou dominadas pelo CV. Em bairros nobres, como Itanhangá, o reflexo é a desvalorização dos imóveis e a expansão de serviços controlados pelo crime.

No entorno do Morro do Adeus, no Complexo do Alemão, um morador conta ao Globo que precisou recorrer à internet do tráfico: “O meu prédio ainda tem uma opção de internet legalizada, mas a maioria não tem. Hoje, tenho duas ‘internets’. Instalei a deles, porque a legalizada ficou quase duas semanas inoperante. Até pensei que não iria voltar mais.”

Interior fluminense

O relatório também mostra que a presença das facções se expande para o interior. Em Paulo de Frontin, na Região Centro-Sul, policiais já identificam tentativas de infiltração do CV, embora o município ainda figure entre os 15 sem controle criminoso consolidado.

Moradores relatam mudanças recentes na rotina da cidade de pouco mais de 7 mil habitantes. “Nós percebemos que começaram a aparecer pessoas diferentes na cidade, sempre se instalando em bairros mais afastados do centro”, diz uma moradora. “Depois disso, alguns locais passaram a ter registros de furtos, venda de drogas e uso de armas. Isso não existia aqui.”

O avanço do CV, segundo especialistas, segue um padrão de infiltração silenciosa, que começa pela comercialização de drogas e se expande para o controle de serviços e extorsões.

Crescimento contínuo da facção

Para Daniel Hirata, coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), o crescimento do Comando Vermelho é sistemático. “O Comando Vermelho, ao contrário das milícias, tem um crescimento que é contínuo ao longo de todo o período”, explica.

Ele lembra que, de acordo com o Mapa dos Grupos Armados 2024, elaborado pelo Geni e pela plataforma Fogo Cruzado, o CV controlava 51,9% das áreas sob domínio criminoso na Região Metropolitana em 2023 — o maior percentual desde 2017. “Os dois grupos são poderosos. E difícil prever o futuro, não são favas contadas o CV controlar a Zona Oeste. As milícias se instalaram lá há muito tempo, muitas vezes desde o início de alguns bairros. Não é simples para o CV tomar a Zona Oeste.”

Hirata observa, no entanto, que a facção construiu um “corredor logístico” que liga morros e comunidades sob seu controle, especialmente na Zona Sudoeste, ampliando seu raio de ação e consolidando uma base econômica sustentada pelo domínio territorial.

As 15 cidades  que não possuem domínio consolidado de facções ou milícias:

  1. São José do Vale do Rio Preto – Serrana
  2. Casimiro de Abreu – Região dos Lagos
  3. Silva Jardim – Região dos Lagos
  4. Mendes – Centro-Sul Fluminense
  5. Pinheiral – Sul Fluminense
  6. Rio das Flores – Centro-Sul Fluminense
  7. Sapucaia – Centro-Sul Fluminense
  8. Carapebus – Norte Fluminense
  9. Cardoso Moreira – Norte Fluminense
  10. Quissamã – Norte Fluminense
  11. Cambuci – Noroeste Fluminense
  12. Italva – Noroeste Fluminense
  13. Carmo – Serrana
  14. Sumidouro – Serrana
  15. São Sebastião do Alto – Serrana

Fonte: O Globo


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