Com a interdição da plataforma P-53 (Martim Leste) na
sexta-feira (18/04) e o incêndio na Cherne 1 (PCH-1), nesta segunda-feira
(21/04), ambas operadas pela Petrobras na Bacia de Campos, os
municípios que dependem dos royalties da região já se preocupam com o impacto
financeiro dos incidentes.
A Bacia de Campos, a mais antiga do estado, abrange os
municípios de Macaé, Campos dos Goytacazes, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Armação
dos Búzios, Rio das Ostras, Carapebus e São João da Barra, além de estender-se
para o sul do estado do Espírito Santo.
Incêndio na Cherne 1
A Petrobras ainda não esclareceu as causas do incêndio
ocorrido na plataforma Cherne 1 (PCH-1) na manhã desta segunda-feira, a cerca
de 130 km da costa de Macaé. O incêndio resultou na interrupção do escoamento
de gás e afetou as comunicações da plataforma.
Um trabalhador foi resgatado do mar com queimaduras leves e
levado para atendimento médico na plataforma PNA-1. Em nota, a Petrobras
informou que o trabalhador estava consciente e em processo de desembarque
aeromédico.
Cabe destacar que, em 2024, a Petrobras assinou contratos
com a Perenco para a cessão total de sua participação nos campos de Cherne e
Bagre, por US$ 10 milhões. No entanto, a entrega completa está prevista para
agosto. A Petrobras já recebeu US$ 1 milhão, e o restante será pago no
fechamento da operação.
Interdição da Martim Leste
Já a plataforma P-53 (Martim Leste), que foi interditada na
última sexta-feira pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), também gerou
preocupações, uma vez que a produção da plataforma é um dos principais
responsáveis pelos royalties pagos aos municípios da região. A ANP identificou
graves falhas de segurança na plataforma durante uma auditoria realizada entre
8 e 17 de abril, o que levou à suspensão das operações.
O relatório técnico da ANP apontou diversos desvios críticos
de segurança, muitos dos quais já haviam sido identificados em uma interdição
anterior, em fevereiro de 2024. Ao todo, cerca de 240 trabalhadores estão
parados enquanto a plataforma continua interditada.
Entre os principais problemas encontrados estão a degradação
severa de estruturas críticas, como vigas que sustentam tubulações de fluidos
perigosos, além da ausência de medições técnicas confiáveis e falhas na
avaliação de danos.
O que diz o presidente da Wladimir Garotinho
Pouco tempo depois do incêndio desta segunda-feira, o
prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (PSD), e presidente da Organização dos
Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), alertou sobre os possíveis efeitos
econômicos negativos para a região.
“Falei a pouco com o presidente do Sindipetro que ainda está
avaliando quais medidas serão tomadas. A principal plataforma de produção da
nossa bacia já havia sido interditada na semana passada e esses incidentes
somados ao tarifaço de Trump [presidente do EUA], que fez o barril despencar
abaixo dos 60 dólares, trará problemas de fluxo de caixa nos próximos meses aos
municípios da região. Muita serenidade e sabedoria a todos!”, afirmou
o prefeito.
Pode afetar em cerca de 15% os royalties
Marcelo Neves, secretário executivo da Ompetro, também se
manifestou sobre o impacto financeiro. Ele explicou que, dos dois incidentes, o
que mais preocupa é a interdição da plataforma Martim Leste, que, se ficar
paralisada por um mês, pode afetar em cerca de 15% os royalties dos municípios.
“Cherne tem uma produção muito pequena, inferior a 1% se
ficar paralisada o mês inteiro. Lembrando que a produção é apenas um dos itens
no cálculo dos royalties que ainda possuem a cotação do Brent e a cotação do
dólar como as outras variáveis de cálculo. Lembrando que o Brent já vem caindo
nas últimas semanas em decorrência do tarifaço de Trump. O impacto financeiro
dessas ocorrências se dará a partir de junho, pois os repasses ocorrem 2 meses
após a produção.”, afirmou Neves.
A Bacia de Campos foi descoberta na década de 70 e, desde
então, se tornou um dos maiores polos produtores de petróleo do Brasil. Em seu
auge, a região foi responsável por cerca de 80% da produção nacional.
Atualmente, a bacia ainda abriga campos gigantes, como Roncador e Marlim, e
continua a ser um dos maiores responsáveis pela produção de petróleo do país,
com operações em águas profundas e ultraprofundas.
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