Com a diversidade de modelos e valores acessíveis, crianças
e adolescentes utilizam cada vez mais smartphones para realizar pesquisas,
jogar e navegar pela internet. Segundo pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da
Internet no Brasil, que estuda e organiza a rede de computadores no país, 91%
dos jovens entre 9 e 17 anos que utilizam a internet acessam pelo celular. O
problema, no entanto, reside no conteúdo sobre o qual essa faixa etária está
exposta.
Recentemente, a CheckPoint, empresa israelense de segurança
digital, descobriu um novo tipo de malware chamado AdultSwine, vírus encontrado
em diversos aplicativos da Google Play Store, presente no sistema operacional
Android. Esses apps eram, em sua maioria, voltados para crianças e, devido ao
código malicioso, exibiam propagandas pornográficas.
Além das imagens inapropriadas, o AdultSwine também
utilizava os apps para mostrar assinaturas de serviços falsos e encorajar a
instalação de softwares, como antivírus, prometendo aumentar o desempenho do
celular. De acordo com estimativa da companhia de segurança, os aplicativos
podem ter sido baixados até sete milhões de vezes, infectando milhões de
dispositivos.
Para atrair o público infantil, o malware utilizava nomes e
personagens conhecidos para chamar a atenção da garotada que, devido à falta de
supervisão e de orientação, ficava desprotegida em relação a anúncios de cunho
pornográfico, alertas de vírus e propostas de assinatura de serviços premium.
O AdultSwine era, por si só, capaz de atuar de maneira
inteligente. Para evitar suspeitas, o vírus não mostrava as propagandas em
redes sociais. Assim, o público impactado era apenas os que abriam os jogos e
aplicativos infantis, ou seja, as próprias crianças.
Riscos e ameaças
Essa não é a primeira vez que a garotada fica à mercê dos
cibercriminosos. Em 2017, o “Jogo da Baleia Azul” se popularizou ao incentivar
a automutilação e, em casos extremos, o suicídio. Além disso, o cyberbullying,
a exposição excessiva e a facilidade de acesso à conteúdos impróprios são
grandes ameaças aos pequenos, que não possuem discernimento e conhecimento para
filtrar o acesso e evitar situações de risco.
Há no mercado vários apps para bloquear conteúdo inadequado
no Android. Além disso, é possível restringir a classificação indicativa de
qualquer um deles. Como no caso do AdultSwine o conteúdo era voltado aos
pequenos, é sempre importante que os pais estejam no controle do que os seus
filhos baixam antes que o estrago seja feito. Outro cuidado a ser tomado é a
certificação de que o desenvolvedor do aplicativo é uma empresa séria e
confiável.
A internet pode ser um risco para os menores quando
utilizada sem que haja uma educação digital baseada no uso da rede com
consciência e moderação. E o diálogo em casa é o segredo para a compreensão e
prevenção de problemas digitais em quaisquer esferas.
*Bruno Prado é CEO da UPX Technologies, empresa
especializada em performance e segurança digital.
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Tecnologia