Preso desde novembro de 2016, o ex-governador do Rio de
Janeiro Sérgio Cabral foi colocado nesta sexta-feira pela décima vez no banco
dos réus. O juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos processos da
Operação Lava Jato no Rio, aceitou denúncia do Ministério Público Federal
contra Cabral e outras cinco pessoas, incluindo o irmão e a ex-mulher do
peemedebista, por crimes de lavagem de dinheiro em pagamentos de propina de 1,7
milhão de reais pela construtora FW Engenharia. O dinheiro sujo teria sido
retirado de contratos com o governo do Rio durante a gestão do ex-governador,
entre 2007 e 2014.
Ao aceitar a denúncia, o magistrado não faz juízo sobre o
mérito da acusação e observa apenas se o MPF reuniu indícios suficientes para
que os acusados sejam levados a julgamento. Os investigadores afirmam na
denúncia que a FW, do empresário Flávio Werneck, usou a empresa de fachada
Survey Mar & Serviços Ltda. para fazer pagamentos fracionados de propina às
empresas Estalo Comunicação, de Maurício Cabral, irmão de Sérgio Cabral, Araras
Empreendimentos, de Susana Neves, ex-mulher do peemedebista, e LRG
Agropecuária, de Carlos Miranda, apontado como um dos operadores financeiros do
esquema de corrupção liderado pelo ex-governador.
Os pagamentos aos prepostos de Cabral, justificados pela
emissão de notas frias, teriam sido operacionalizados pelo contador da
construtora, Alberto Conde, que administrava a Survey, uma empresa supostamente
dedicada a reparos e manutenção de computadores e registrada em nome da filha
de Conde e de um ex-funcionário dele.
A empresa de Maurício Cabral, uma agência de publicidade,
recebeu da Survey, de acordo com as investigações, um cheque de 240.000 reais
em 2011.
A Araras Empreendimentos, de Susana Neves, foi beneficiária
de 31 depósitos bancários pela empresa, que totalizam 1,2 milhão de reais,
entre outubro de 2011 e dezembro de 2013. As transferências à empresa da
ex-mulher de Cabral, que é mãe do deputado federal Marco Antonio Cabral
(PMDB-RJ) e prima do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), foram fracionadas
em valores que variaram entre 6.000 reais e 56.310 reais. De acordo com os
procuradores, a prática pretendia não chamar atenção de órgãos de controle,
como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Já a conta da LRG Agropecuária, empresa de consultoria de
Carlos Miranda, recebeu 193.850 reais da Survey por meio de quatro cheques
depositados entre dezembro de 2011 e abril de 2012. Usada por Miranda para
lavar dinheiro do esquema de corrupção no governo Cabral, a LRG chegou a
faturar 2,3 milhões de reais em 2007, quando o peemedebista chegou ao Palácio
Guanabara, valor reduzido a 7.000 reais em 2015, quando Sérgio Cabral já não
era mais governador.
Conforme as investigações, tanto a Survey quanto as empresas
de Maurício Cabral, Susana e Bezerra são registradas em endereços residenciais,
têm poucos funcionários ou nenhum e apresentam movimentações financeiras
incompatíveis com as receitas declaradas à Receita Federal, características
típicas de empresas de fachada.
Na denúncia do MPF, são atribuídos a Sérgio Cabral, Flávio
Werneck e Alberto Conde 36 crimes de lavagem de dinheiro. Susana Neves é
acusada do mesmo crime 31 vezes, Carlos Bezerra, quatro vezes, e Maurício
Cabral, uma vez.
Além de responder a esta acusação na Justiça Federal do Rio
de Janeiro, o ex-governador será julgado por Bretas em outros oito processos,
acusado dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, evasão fraudulenta
de divisas e formação de quadrilha.
Sérgio Cabral também é réu em uma ação penal que corre na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, sob responsabilidade do juiz federal Sergio Moro.
Sérgio Cabral também é réu em uma ação penal que corre na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, sob responsabilidade do juiz federal Sergio Moro.
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