Com as crescentes denúncias de que traficantes e milicianos
estariam proibindo campanhas de candidatos em favelas do Rio - um problema que
se repete a cada processo eleitoral no Estado —, inclusive com a tentativa de
cobrança de "pedágios", o MPE (Ministério Público Eleitoral) já
considera insuficiente a segurança da Polícia Militar para garantir a
continuidade das eleições. Para o procurador regional eleitoral do Rio, Paulo
Roberto Bérenger, se faz necessária a presença das Forças Armadas.
- Na minha opinião e do Ministério Público Eleitoral, já se
configura a necessidade de pedido de tropas militares. Somente a força do
Estado do Rio não é suficiente para assegurar a paz e continuidade do processo
eleitoral.
Bérenger, entretanto, quer esperar pelo posicionamento do
TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio), cuja plenária acontece na próxima
segunda-feira (25). Embora a procuradoria possa fazer a requisição, cabe ao
TRE-RJ a decisão de solicitar ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o envio das
tropas federais.
O TRE-RJ não descarta o pedido, mas, assim como o MPE, quer
aguardar um relatório que o secretário de Segurança do Rio, José Mariano
Beltrame, se comprometeu a entregar nesta sexta-feira (22) sobre as denúncias.
Nesta semana, Beltrame se reuniu com MPE e TRE-RJ. No encontro, segundo a
procuradoria, o secretário afirmou que vem apurando o possível envolvimento de
associações de moradores na divulgação de "rumores infundados de que tem
sido vetada a campanha de candidatos sem acordos com traficantes ou
milícias".
Entretanto, o TRE-RJ confirmou ter recebido denúncias, a
Polícia Civil informou que há investigação sobre o assunto na 44ª DP (Inhaúma)
e até o governador do Rio e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB),
reconheceu esta semana que traficantes e milicianos têm "reagido" à
sua candidatura.
- Tenho recebido diversos relatos, de diversas pessoas, que
mandam apagar meu número, minhas placas. Mas estou tranquilo. Não deixo de ir a
lugar nenhum.
Os problemas chegam até as comunidades que contam com UPPs
(Unidades de Polícia Pacificadora). Na terça-feira à noite, ao checar
informações de que placas de candidatos — entre eles, o governador — estariam
tendo nomes e números pintados de preto no complexo de favelas do Lins, na zona
norte, PMs da UPP local foram alvos de disparos de criminosos. Houve troca de
tiros e um grupo ateou fogo no lixo para impedir a passagem das viaturas. O
policiamento teve de ser reforçado.
Também candidato ao governo, Lindberg Farias (PT) afirmou,
após agenda de campanha na semana passada, que "há áreas dominadas pela
milícia no Rio onde só candidatos do PMDB podem entrar". Anthony Garotinho
(PR), por meio de sua assessoria de imprensa, negou ter sofrido qualquer tipo
de problema nesse sentido. Presidente do PSB no Rio, onde Romário lidera as
pesquisas para o Senador, Glauber Braga informou não ter recebido esse tipo de
reclamação de nenhum dos candidatos do partido.
R7
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