Produtores rurais do Noroeste
Fluminense participaram, na última terça-feira (10/12), da 1ª Oficina de Manejo Agroecológico da
Produção Animal, que aconteceu no auditório do Sebrae-RJ, em Itaperuna. O
objetivo foi apresentar aos técnicos agrícolas e aos agricultores familiares
práticas de manejo que aumentam a produtividade e garantem a qualidade de vida
dos trabalhadores rurais, o bem estar dos animais e a preservação dos recursos
naturais. A atividade foi mais uma ação da Rede de Pesquisa, Inovação,
Tecnologias e Serviços Sustentáveis em Microbacias Hidrográficas, criada com
apoio direto do Programa Rio Rural (da secretaria estadual de Agricultura) para
atender a demanda levantada pelos produtores rurais do Noroeste, que apontaram
o acesso à informação e à assistência técnica como prioridade para o
desenvolvimento da cadeia de produtos agroecológicos e orgânicos.
As palestras foram proferidas pela zootecnista Fabiana
Nobre, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); pela
médica veterinária Mônica Florião e pelo zootecnista Carlos Elysio Moreira da
Fonseca, ambos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). As
técnicas mostradas se aplicam a criação de diversos animais – gado de leite e
de corte, aves, caprinos e ovinos – atividades comuns no Noroeste Fluminense.
Fabiana Nobre explicou que a propriedade rural é um organismo agrícola onde
todos os elementos precisam estar em harmonia. “Prezamos pelo equilíbrio, pelo
bem estar econômico, social e ambiental. As boas condições de trabalho, o bem
estar dos animas, o respeito às tradições e vocações locais, a compra dos
insumos e a comercialização dos produtos, a qualidade de vida da família. Tudo
está articulado”, explicou a zootecnista.
Cuidando do ambiente e da pastagem, o produtor rural reduz a
necessidade do uso de medicamentos alopáticos e antiparasitários que geram
resíduos químicos e poluem o solo e o ambiente. A agroecologia preconiza o uso
de medicamentos fitoterápicos (à base de plantas) e homeopático. Os técnicos
ressaltam, ainda, que todas as vacinas são obrigatórias e fazem parte do
processo preventivo de doenças. “Agir preventivamente é muito melhor do que
agir curativamente. O manejo adequado previne o surgimento de doenças e
parasitas, evita o estresse do animal, e reduz os custos para o produtor. As
práticas agorecológicas são simples e aplicáveis a qualquer propriedade. Com o
tempo, as novidades viram rotina e tudo flui naturalmente”, explicou Mônica
Florião. Já Carlos Elysio reforçou a importância da higiene em todo o processo
produtivo e da infraestrutura adequada para a acomodação dos animais.
Cerca de 50 pessoas participaram da oficina, entre técnicos
agrícolas e produtores rurais. O casal Sebastião Carlos e Maria Dilma Ferreira,
donos da fazenda Boa Esperança, em Itaperuna, quer aumentar a produção do
leite. “Hoje produzimos apenas 15 litros por dia. Queremos melhorar o terreno e
aumentar a produção com qualidade. O produto químico está perdendo vez para o
natural. Pelo o que vimos aqui, não e difícil. Já conhecemos a atividade e com
orientação técnica fica fácil”, disse a produtora.
Na parte prática, os produtores rurais responderam um
questionário para levantamento de demandas e preencheram o Caderno Plano de
Manejo Orgânico da Produção Animal, desenvolvido pelo MAPA. O caderno registra
as condições atuais da propriedade. Através dele, os técnicos vão acompanhar o desenvolvimento
e o resultado das práticas agroecológicas implantadas. No final, 30
participantes receberam sementes de milho e de soja. Eles vão plantar e
multiplicar as sementes que não são transgênicas, para que no próximo ano
outros agricultores tenham acesso a sementes de qualidade. O milho e a soja são
importantes fontes de alimentação dos animais.
A Rede de Pesquisa, coordenada pelos consultores do Programa
Rio Rural, Eiser Fellipe e Ana Paula Pegorer, é fruto de parceria entre o
Programa Rio Rural, Emater-Rio, Pesagro-Rio, Sebrae-RJ e outros parceiros
institucionais com a UFRRJ, MAPA, Embrapa Agrobiologia e a Cedro (Cooperativa
de Consultoria, Projetos e Serviços em Desenvolvimento Sustentável).
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