Dois repórteres do jornal americano "The New York
Times", que estão na Suíça para acompanhar o Congresso da Fifa
presenciaram o momento em que sete integrantes da entidade, incluindo o
ex-presidente da CBF José Maria Marin, foram presos no hotel Baur au Lac, em
Zurique.
A ação foi levada a cabo pelas autoridades suíças sem grande
alarde e sem invasão de quartos. Os oficiais, inclusive, esperaram os
dirigentes da Fifa se vestirem, uma vez que as prisões foram realizadas logo no
início da manhã, entre 6h e 8h locais.
Palco da operação, o Baur au Lac é um hotel de luxo, com
mais de 171 anos e localizado no centro da cidade suíça. Segunda cosnta em seu
site oficial, foi em uma de suas salas que deu-se a criação do Prêmio Nobel.
"Quando o relógio suíço marcou 6 horas, mais de uma
dúzia de oficiais de justiça à paisana entraram sem alarde por uma porta
giratória localizada na frente do hotel. Eles se dirigiram ao balcão da
recepção, onde eles apresentaram documentos do governo e pediram o número dos
quartos de algumas das figuras do mais alto escalão do futebol, que estavam no
hotel para o encontro anual da Fifa, o órgão que regula o futebol no
mundo", relata o jornal.
Swiss law enforcement getting room numbers for FIFA execs they are heading upstairs to arrest pic.twitter.com/F69djqpcu5
— Michael S. Schmidt (@MichaelSSchmidt) May 27, 2015
"De repente, o venerável Baur au Lac, local preferido
de músicos, artistas e realeza e como o hotel diz, o lugar onde nasceu o Prêmio
Nobel, transformou-se em algo semelhante a uma cena de crime. O concierge foi
instruído a ligar para o quarto de um executivo e uma das mais significantes
ações na história do esporte estava em andamento.
'Senhor', disse o concierge em inglês. 'Estou ligando para
informar que você precisará ir para a sua porta e abri-la para nós, ou teremos
que chutá-la", prossegue o relato.
"O hotel, que dá vistas para o Lago Zurique,
proporcionou um cenário inigualável para a apreensão de seis (na verdade, foram
sete) executivos foram presos por acusações de corrupção e agora vão encarar
extradição para os Estados Unidos. A operação levou menos de duas horas e foi
extremamente pacífica, sem algemas, sem armas levantadas. Ela também envolveu o
incomum uso de um lençol.
Ações como esta nos Estados Unidos são tipicamente lideradas
por membros armados da SWAT usando coletes à prova de balas e capacetes, mas a
Suíça faz uma aproximação mais leve. Em vez de invadirem o quarto dos
executivos e tirando-os a força de pijamas, os oficias esperaram os homens
virem à porta e deram uma chance de se vestirem e pegarem suas malas", diz
outro trecho da reportagem.
"As autoridades saíram com os executivos, um a um, por
diversas saídas, incluindo uma porta lateral, a garagem do hotel e, em um caso,
a entrada principal".
O relato dos repórteres detalha com riqueza como foi a
prisão de Eduardo Li, presidente da federação de futebol da Costa Rica.
"Um executivo, Eduardo Li, presidente da federação de
futebol da Costa Rica, estava no quarto andar, seu quarto perto da escadaria
central em formato de espiral. Dois oficiais bateram em sua porta. Assim que o
Sr. Li apareceu, as autoridades não tentaram segurá-lo, e permitiram que ele
pegasse seus pertences pessoais e então o escoltaram para o elevador. A mala
escolhida estava adornada com logos da Fifa.
Depois de direcionar o Sr.Li pelos corredores do hotel, os
oficiais o levaram por uma porta lateral que dava em uma rua estreita. Membros
do estafe do hotel utilizando ternos estavam ali esperando-o, segurando lençóis
para evitar olhares de pedestres curiosos ou membros da imprensa. Ele foi
colocado em um carro que estava à espera – não sinalizado como sendo da
polícia. O carro passou por um farol vermelho e se foi", contaram os
jornalistas.
O artigo do New York Times também conta que um executivo da
Fifa – que não tinha seu nome na lista dos procurados – apareceu no lobby
vestindo calças, uma camisa e chinelos brancos oferecidos pelo hotel. Se
informou sobre a situação e voltou para o quarto.
"Depois que todas as prisões estavam concluídas, um
homem de terno chegou à recepção. Ele perguntou se alguém sabia o paradeiro de
um dos executivos da Fifa.
'A esposa dele não sabe onde ele está', disse o
recepcionista".
Às 9h locais, com a operação totalmente concluída, diversos
veículos de imprensa chegaram e seguranças isolaram o local.
UOL Esportes
UOL Esportes
Tags
Esportes