A seleção brasileira feminina de vôlei é realmente a
principal fornecedora de alegria do esporte nacional. O motivo para celebrar
muito neste domingo foi a conquista do décimo título do Grand Prix – os outros
canecos vieram em 1994, 96, 98, 2004, 2005, 2006, 2008, 2009 e 2013. Atuais
bicampeãs olímpicas, as meninas souberam usar a principal arma da rival, a
paciência oriental – principalmente no duro terceiro set –, e alternar muito
bem tranquilidade e agressividade para bater as japonesas por 3 sets a 0, com
parciais de 25/15, 25/18 e 27/25, em 1h28min, na Arena Ariake, em Tóquio, no Japão
(assista ao vídeo com os melhores momentos da "final"). A vitória
levou o Brasil aos 13 pontos, superando as donas da casa, que ficaram com 12,
na fase final disputada em sistema de pontos corridos. Por terem melhor
campanha até então, as nipônicas seriam campeãs se tivessem vencido dois sets.
Para obter o decacampeonato do Grand Prix, a seleção
brasileira venceu 13 das suas 14 partidas, deixando claro que vai mais forte do
que nunca em busca do único título que ela ainda não tem na elite do esporte: o
mundial. E ele pode ser alcançado em breve, no Mundial da Itália, entre 23 de
setembro e 12 de outubro.
A maior pontuadora da partida foi a oposta Sheilla, que
assinalou 16 pontos, demonstrando mais uma vez que ela cresce em momentos
decisivos. Fabiana (dez), Jaqueline (nove) e Thaisa (seis) também foram bem
importantes no ataque. Merece destaque também a bela atuação da líbero Camila
Brait, que defendeu bolas muito difíceis e armou vários contra-ataques.
Poucos antes do embate entre Brasil e Japão, a Rússia
assegurou a terceira colocação no Grand Prix ao bater a China, de virada, por 3
sets a 2 (21/25, 14/25, 25/22, 25/20, 15/13), na madrugada deste domingo (tarde
no Japão). Com o resultado, as russas chegaram aos sete pontos, um a mais do
que a China, que ficou com a quinta colocação. O quarto lugar ficou com a
Turquia, que foi aos sete pontos após fechar a sua participação no Grand Prix
com uma vitória sobre a Bélgica por 3 sets a 1 (24/26, 25/21, 25/23 e 25/20). As belgas perderam os
seus cinco jogos na fase final e ficaram com a sexta colocação.
O JOGO
Embalada pela bela campanha na fase final e pelo fato de
jogar em casa, as japonesas começaram o jogo demonstrando que iriam lutar muito
para evitar a conquista brasileira. Se defendendo muito bem e eficiente no
ataque, elas começaram pressionando as bicampeãs olímpicas. Porém, aos poucos a
seleção, com paciência oriental, foi se soltando, acertando boas bolas e
demonstrando que não basta apenas disposição para brecar uma máquina. Foi após
uma cravada de Fabiana que o Brasil conseguiu abrir três pontos 8/5, antes do
primeiro tempo técnico da partida. A parada fez bem para as meninas de ouro. Na
sequência, o saque passou a entrar melhor, dificultando o passe do Japão.
Quando isso acontece, a bola volta mais facilmente e dá-lhe ataque brasileiro,
principalmente com Sheilla, além de preciosos pontos de bloqueio.
Faltava apenas um pouco mais de velocidade no jogo, mas isso
não comprometia o domínio da seleção, que tinha 16/11 antes da segunda parada
técnica. Na reta final do set, as japonesas cometeram mais erros do que o
normal e deixaram o Brasil crescer. Com o passe chegando na mão para o
contra-ataque, as brasileiras fizeram ponto atrás de ponto e conseguiram abrir
dez pontos 22/12 deixando claro que o primeiro set passara a ser um baile
tupiniquim. Tanto que a vantagem foi mantida até o fim, quando Fernanda Garay
atacou da linha dos três metros e não permitiu defesa para Saori: 25/15, em 26
minutos de partida.
Mantendo a calma, mas não deixando de lado a agressividade
ao atacar, a seleção brasileira começou jogando muito bem o segundo set. O
saque estava entrando muito bem, causando um temor enorme em uma equipe
estruturada a partir da sua recepção. Sem receber o passe na mão, a levantadora
Miyashita não conseguia municiar bem as suas principais atacantes, Ishii, Saori
e Nagaoka. Assim, o Brasil abriu 5/1 e fez o técnico Masayoshi Manabe pedir
logo um tempo. As nipônicas melhoraram e conseguiram aos poucos ir colando no
placar. A vantagem que era de seis pontos, caiu para dois em 13/11.
Zé Roberto parou o jogo e pediu que elas não deixassem de
lado a paciência que ele havia tanto solicitado. As meninas entenderam o recado
e conseguiram boas bolas, com destaque para dois ataques precisos e potentes de
Jaqueline. Porém, as orientais tinham encontrando uma forma de pressionar o
Brasil e não davam mais tanta moleza. O jeito foi dar pancadas e tentar
dificultar ao máximo a defesa japonesa. E foi assim, forçando o erro rival, que
a seleção brasileira fechou o segundo set em 25/18, em uma parcial que durou 28
minutos.
O terceiro set começou mais complicado para as brasileiras e
acenou um equilíbrio que esperado, mas não foi visto nos dois primeiros sets.
As japonesas conseguiram encaixar melhor o ataque, melhoraram a sua defesa e
conseguiram liderar o placar pela primeira vez na partida. Finalmente era visto
em quadra o time que fazia uma campanha fantástica na fase final do Grand Prix.
E, assim, as nipônicas foram vencendo por 8/7 para a primeira parada técnica da
partida. Era hora de o Brasil colocar a cabeça no lugar. Estava complicado, mas
nada é tão complicado para as atuais bicampeãs olímpicas e a reação começou com
uma bela passagem da levantadora Dani Lins pelo saque. Foram quatro pontos
seguidos e a virada para 11/10. Quem também contribuía muito era a líbero Camila
Brait, que defendia com muita qualidade.
A partir daí, as rédeas da partida foram retomadas pela
máquina de jogar vôlei que é essa seleção brasileira feminina. Mas nada de
larga vantagem. Era lá e cá. Saori era a principal jogadora japonesa e Sheilla sobrava
do lado brasileiro.
A ponteira era a mais acionada por Dani Lins, pois quase não
errava e conseguia desarticular a forte defesa das orientais. Os últimos pontos
foram suados e conquistados a partir de belas defesas de Camila Brait e ataques
precisos de Sheilla. O primeiro match point veio em 24/22, mas o Brasil
desperdiçou, permitindo que o Japão fizesse dois pontos seguidos e empatasse em
24/24. Era hora de evocar a paciência oriental, arma pedida por Zé Roberto. E a
tática deu certo novamente. Com mais tranquilidade que as mandantes, a seleção brasileira foi mais eficiente nos
pontos decisivos e contou com Jaqueline
para fechar o set em 27/25 e o jogo em 3 sets a 0, liquidando a fatura e
celebrando o seu décimo título do Grand Prix.
Fonte: GloboEsporte
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